A. Zarfeg: ?A morte é a curva da estrada? A…

?A morte é a curva da estrada?

A morte, com licença, é irônica por demais. E trágica, com a devida vênia, por excesso.

Ela é ?a curva da estrada?, conforme poetou Fernando Pessoa no ?Cancioneiro?.

Ah, senhora brincalhona! Ah, dona das estradas do mundo vasto mundo! Vosmecê tira a vida, mas eu a canto; vosmecê arranca o que as pessoas têm de mais importante, mas eu, pobre poeta, celebro o que elas possuem de mais caro, qual seja, a vida, ainda que Severina ou Caetana:

Bem, dona morte: Está certo que a sra. Anula toda sorte! Todavia, as ações Realizadas vão ficar Imortalizadas de A a Z: logo fim não há!

Era uma menina Viva à procura do sEU Adão de sua sina!

Ah, dama negra que quase tudo pode! Quase tudo, repito. Vosmecê arrebata Beatriz na curva da estrada, mas Dante há de continuar a longa caminhada…

Vosmecê, rainha das trevas, se apossa sem avisar da pequena Eva, mas Adão há de permanecer em vigília constante, atado às lembranças especiais. Porque a vida ? presente da ventura ? segue…

Até que um dia, na curva da estrada, a morte, pela enésima vez, aplicará o golpe fatal. Porque, como bem disse o poeta maior, ?a morte é a curva da estrada / morrer é só não ser visto?.

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