RELVA – CAPÍTULO 3
Quando perdemos o básico, então valorizamos o mínimo, quando não temos nada, qualquer coisa é muito . . Só percebemos o ar, na falta dele, percebemos a importância da luz do sol, quando caminhamos em uma estrada na madrugada, a ausência nos amplia a visão . . Assim como a falta de luz nos cega, o excesso também. As vezes as coisas estão tão claras que fica difícil de enxergar o óbvio . . 15h59 . . – O que você tanto escreve nesse livro, Sara? – Poemas, poesias e letras vazias -responde ela. – Aposto que são cartas de amor. – Não deixam de ser.. – Lê uma poesia pra mim. – Nunquinha Levi, nunquinha – Sara, que bobagem. São apenas 26 letras organizadas da forma que você quer. Escrita é isso. Apenas isso. – Sim, mas derramo meu coração nessas letras, tem meu perfume nelas. Um dia leio algo pra você. – Hum, vou esperar então. . . Você percebeu que hoje o dia está mais úmido? Acho que vai chover – diz Levi fechando os olhos sentindo o cheiro do ar. O barulho do vento entre as folhas está diferente . . Muitas vezes na nossa vida somos avisados pelo perfume do destino sobre o que vem pela frente, nós não damos valor e perdemos as oportunidades de nos preparar . . – Preciso sair do sol – Mas já Levi? – Sim. Vou lá, diz ele, batendo as mãos na bermuda cheia de folhas – Vou ficar aqui mais um pouquinho – diz Sara – Até. – Até.. . . . Sara observava Levi voltando pra casa alegre e feliz apesar de tantas circunstâncias difíceis, uma borboleta amarela o seguia, como que guiada por ele . . . . . CONTINUA