RELVA – CAPITULO 6
Fui ao oftalmologista. Parece surreal mas eu quase cego vou quase que semanalmente ao oftalmo, recebi uma notícia essa semana que me deixou com um sentimento estranho . . Nós nunca queremos enxergar as coisas como elas são, sempre maquiamos para que melhor nos sirva, amizades interesseiras, vizinhas fofoqueiras, palavras não ditas. Sempre fingimos não ver. Mesmo vendo. É incrível como somos capazes de negar o que está bem diante dos nossos olhos . . – Sara, fui ao oftalmo ontem – diz Levi com voz cansada deitado na relva. – Hã, e aí? Novidades? – Sim. Tenho novidades. Farei um transplante de córnea em 2 meses e após 20 dias de recuperação. Irei enxergar normalmente. – COMO ASSIM?? VOCÊ ESTÁ FALANDO SÉRIO? Sara pula por cima da cerca e abraça Levi com um aperto que o fez rir com o susto e com a cena. – Sim, e as chances de sucesso são altas. – LEVI ISSO É MARAVILHOSO!!! – Sim, Sara também estou feliz, mas assustado também. Não sei como vou me adaptar a enxergar o mundo como ele realmente é. Igual aquele livro que te emprestei lembra? O escafandro e a borboleta. Me sinto daquele jeito, como se estivesse prestes a sair de um coma. Para uma nova realidade. – Ah, Levi.. bobagem. Eu estarei perto de você. Te mostro esse novo velho mundo. . . Sara beijou levemente o rosto de Levi que sorriu como se procurasse de onde havia vindo aquele toque sutil . . . . Como eu amo esse garoto, me dá vontade de explodir de chorar em tanta alegria ao saber que ele vai poder sair do casulo e ver o mundo. Quero estar ao lado dele em cada pôr do Sol, cada cor nova que ele descobrir. Eu estarei lá. . . . Pintamos a vida com a paleta de cores que nos dão. Busque novas cores. . . . . . . CONTINUA