Alexandre Morais: Casamento de copo Sentamos no bar, nos…

Casamento de copo

Sentamos no bar, nos conhecemos só de relance, apenas algumas olhadas despercebidas e inocentes.

ao meu lado, em uma pequena cadeira na qual estava vazia, eu senti seu perfume, o primeiro cheiro da sua pele na minha boca,

eram nove e meia da noite

ouvi um instrumento de sopro permear no nosso meio finas gotas caíam, nem percebi ao certo olhei para cima e relampeou forte

a cidade estava preta e branca

minha cabeça inclinada, girava em direção as nuvens e caiu de lado, era ela..mais ninguém.

ali, tão perto, sem falar e gesticular,

pulsou seu corpo dentro do meu e pude sentir a fusão.

a chuva era uma rival dura e não deu trégua, porém minha vontade era puxá-la e rodá-la, ali mesmo, no rio.

Fomos para dentro do bar, cheiro de barata e cigarro – “Meu Deus, não me tire daqui nunca”. ei de morrer neste local em seus braços,

me decidi…

eu quero juntar os fios dos cabelos no travesseiro, misturá-los em cor única retirá-los do pente em cima da cômoda, penso em filhos, nas escovas de dentes usurpadas no dia que você foi dormir na casa da amiga, só de pijama de frio. não quero jantar sozinho, beber vinho sem brindar com pequeno toque nas taças de cristais polidas,

vejo grandes brigas, delírios, loucuras gritos de prazer, de raiva, e nada é normal nada na minha vida é normal muito menos nas nossas será normal, o amor não é estável não balança debaixo da árvore ele é mesclado por toda essência além da nossa compreensão.

a insanidade grita e me atrevo impacientemente

desenhei no caderno um coração, lhe mostrei você nem liga, de repente tenho uma ideia arranco a folha com gana recorto o coração torto desenhado à mão você se espanta, arremesso-o na lixeira que está cheia de bolas de papéis escritas e inutilizáveis

estendi a folha

centralizei meu olho no meio e pisquei de leve você acha engraçado e ri

Pronto! Nos casamos ali mesmo.

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