Alexandre Morais: O Presente não Dado Ao pé do fim do…

O Presente não Dado

Ao pé do fim do morro, com o mais fino embrulho, carregava embaixo do braço um presente não dado que eu há anos afundo.

Fazia tempo que pairava que até a cor perdera. Na minha estante repousava junto com o medo de ir entregá-lo para a pessoa que o merecera.

Agora, encontro-me debaixo de chuva, no início do morro íngreme, tentando encontrar palavras e dizer para a menina matuta o tanto que ela me inspire.

O embrulho é prateado bem, era. A água revolta tratou de deturpá-lo, junto com o tempo adiado com isso, das minhas lembranças levado na correnteza foi para o ralo que de cor ficou apagado.

Menina, me perdoe por antes não ter falado que eu tinha um presente guardado lá na estante empoeirada feita de madeira, no meu quarto. Sinto que consegui ser amaldiçoado pelo fracasso de amar.

Se agora choro, fustigo meu coração. Amasso-o como um padeiro trabalha o pão. Sou aspirante a poeta, menina bonita, peço perdão, pela falta de fala expressa pessoalmente, e o grande número de escritas correntes no papel escondido na gaveta da minha prisão.

Voltei todos os dias pra casa, hoje também voltei. Com a mão firme, cheia e suada carregando o presente que nunca dei. Recoloco-o na estante mais uma vez. e deito ao relento da noite me odiando por todas às vezes que fraquejei.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *