Quero de Volta Quero de volta minhas noites de chuva, minhas estrelas, meu céu nublado e o vento cortado. Minha lua em todos os estágios. Nova, crescente, quarto crescente, cheia, minguante e quarto minguante. Deitar na grama, na areia ou na terra para viajar no espaço e ver as figuras que se formam com o movimento das nuvens. Balançar na rede e embalar a rede. O papo solto, os assuntos proibidos, os assuntos leves e também os pesados. As verdades de qualquer estirpe. As músicas de qualquer espécie. As espécies que falam da gente e que falam nada. Que fazem sentido e que sentido não tem. Quero de volta o acordar mais tarde com o peso do teu corpo e o carinho de um beijo. O roçar de dedos, de mãos, de pernas, de narizes, línguas e corpos, do roçar das mentes. Os prazeres, arrepios e gozos. As pernas que pesam umas sobre as outras, as pernas que descansam umas nas outras. As pernas que seguem as mesmas trilhas, que caem e se levantam, que se cortam e se cuidam. Os pés que acariciam outros pés. Os olhos e olhares diretos, furtivos e de lado. O cuidado do corpo, da alma, das feridas, dos achares e dos pensares. As brincadeiras sem graça com grandes risadas, risadas que não acabam e risadas da seriedade. Quero de volta a honesta palavra e a atitude honesta. O reto, sem subterfúgios, as escolhas diretas, a prioridade, o correto jeito das coisas. A transparência das roupas, da alma e da mente. As corridas, os treinos, a endorfina, o prazer da diversão a cada passo, a cada papo, a cada abraço, a cada pingo, pingo de suor, suor que encharca, encharca o corpo e a alma. Quero de volta meus sonhos, meus pesadelos, minhas ilusões, minhas desilusões, fantasias, viagens e imaginações. Quero de volta as surpresas feitas, as surpresas recebidas. Quero de volta a alegria pura, a felicidade gratuita, o encontro por acaso e também o descarado. Quero de volta o namoro na chuva.