Almeida Garrett: Não te Amo Não te amo, quero-te: o…
Não te Amo
Não te amo, quero-te: o amor vem d’alma. E eu n ‘alma ? tenho a calma, A calma ? do jazigo. Ai! não te amo, não. Não te amo, quero-te: o amor é vida. E a vida ? nem sentida A trago eu já comigo. Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero De um querer bruto e fero Que o sangue me devora, Não chega ao coração.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela. Quem ama a aziaga estrela Que lhe luz na má hora Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo, que é forçado, De mau, feitiço azado Este indigno furor. Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero; e tanto Que de mim tenho espanto, De ti medo e terror… Mas amar!… não te amo, não.