Deuses, forças, almas de ciência ou fé
Deuses, forças, almas de ciência ou fé, Eh! Tanta explicação que nada explica! Estou sentado no cais, numa barrica, E não compreendo mais do que de pé.
Por que o havia de compreender? Pois sim, mas também por que o não havia? Água do rio, correndo suja e fria, Eu passo como tu, sem mais valer…
Ó universo, novelo emaranhado, Que paciência de dedos de quem pensa Em outras cousa te põe separado?
Deixa de ser novelo o que nos fica… A que brincar? Ao amor?, à indif’rença? Por mim, só me levanto da barrica.
Álvaro De Campos