Do que ficou…
Abandonei um pouco minhas palavras dissertativas para aventurar-me novamente em meus devaneios.
Sabe, ando perdendo a prática de transpor no papel meus pensamentos, medos e loucuras de uma mente barulhenta, cheia de vaga-lumes.
Ando colecionando decepções e aposentando palavras, quem diria…
E agora, José ? A festa acabou. A luz apagou.
A pobre menina que lhes escreve neste mesmo momento que é lida, vulgo Lispector, estranhamente, não sabendo por que razão decidiu-se se aventurar novamente no sentimento mais perigoso de todos… O amor.
Esse mesmo.
O incerto.
O dolorido.
Ah, mas amor que é amor não dói.
Uma ligação não atendida, um beijo sem vontade e o medo de nunca mais ser feliz em uma vida inteirinha… Isso sim é que dói. E como.
Ah, mas quem não se sente envergonhado em ter amado o outro e quando esse já está com outro alguém?
Quem não se sente envergonhado de ter ficado sozinho na festa em que a música parou e os convidados se foram?
Eu me envergonho se querem saber.
Ora, mas me corrijam. Digam que feliz é quem ama e infeliz é quem não sabe reconhecer devido amor.
Mas não era amor.
Ou será…
Amor fica.
E caleja.
Certos acontecimentos em nossas vidas duram exatamente o quanto devem durar. E partem. Perdem-se e eternizam-se.
É perder-se e se reencontrar, e perder-se novamente… Até que por descuido, inocência ou omissão, esbarra-se em algo que, vejam só, fica. Permanece.
Não sei afinal o que ficou nessa vida de idas e vindas.
Sei que fico por aqui nessas palavras inacabadas… Ou melhor, dizendo…
Não sei dizer.