André Saut: Num dia de céu azul, numa floresta…

Num dia de céu azul, numa floresta verde nasceu uma onça branca filhotinha de um casal de onças pintadas. Foi um espanto para todos, ela era diferente. Os pais eram pintados e ela nasceu branca. Os irmãos eram pintados, os primos eram malhados, tinha até uns listrados. Mas ela era branquinha como um papel sem desenho. Branquinha como as nuvens, branquinha como as margaridinhas. Mas também branquinha como a oportunidade de ser da cor que queria. Por enquanto que ela crescia, sua cor mudava todo dia. Quando ela brincava no barro da beira do rio, ficava marrom. Quando ela brincava no mato ficava verdinha, quando comia melancia, ficava cor de rosa e quando chovia, ficava branquinha de novo. E teve um dia que até pintada ela ficou, foi quando no seu peito uma criancinha sem medo um coração desenhou.

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