Antonio Carlos Secchin: Autorretrato A Flávia Ampan Um poeta…

Autorretrato

A Flávia Ampan

Um poeta nunca sabe onde sua voz termina, se é dele de fato a voz que no seu nome se assina. Nem sabe se a vida alheia é seu pasto de rapina, ou se o outro é que lhe invade, numa voragem assassina. Nenhum poeta conhece esse motor que maquina a explosão da coisa escrita contra a crosta da rotina. Entender inteiro o poeta é bem malsinada sina: quando o supomos em cena, já vai sumindo na esquina, entrando na contramão do que o bom senso lhe ensina. Por sob a zona da sombra, navega em meio à neblina. Sabe que nasce do escuro a poesia que o ilumina.

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