Antônio da Costa e Silva: Na remansosa paz da rústica fazenda, à…

Na remansosa paz da rústica fazenda,

à luz quente do sol e à fria luz do luar,

vive, como a expiar uma culpa tremenda,

o engenho de madeira a gemer e a chorar.

Ringe e range, rouquenha, a rígida moenda;

e, ringindo e rangendo, a cana a triturar,

parece que tem alma, adivinha e desvenda

a ruína, a dor, o mal que vai, talvez, causar…

Movida pelos bois tardos e sonolentos,

geme, como a exprimir em doridos lamentos,

que as desgraças por vir sabe-as todas de cor.

Ai! dos teus tristes ais! Ai! moenda arrependida!

– Álcool! para esquecer os tormentos da vida

e cavar, sabe Deus, um tormento maior!

Adicionar pensamento

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *