DORES DA VIDA
A dor passa pelo quarto, pela calçada da velha rua… pela praça do abstrato de uma vida toda crua.
Passa por entre os dentes e pelas famílias dos outros pelos meus e seus parentes e o futuro d’aquele garoto.
A dor passa pelo seu corpo na viagem do além trespassando cães e loucos e o sopro dos santos também.
Passa lá pelos jardins campos de guerra e concentração por aqui e pelos confins d’aquela triste paixão.
A dor passa pelos trilhos dessa vida toda torta passa por aquelas janelas e pelos trincos dessas portas.
Pela cama da saudade nos quatro cantos do mundo por mentira e por verdade e por aquele amor profundo.
No frio da noite, a dor passa pelos vagabundos no lixo o choro do horror no escuro olhos do mundo.
Passa a dor n’aquele voou e na carreira da ambulância no choro que hospital chorou e no tapa dada à criança.
A dor passa pelos ventos com a arte da poluição pelo verde todo sedento e pelas válvulas do coração.
Passa lá pela atitude e ao ataúde fúnebre necrosando a velha saúde com bactérias e febre.
Passa, a dor já a cavalo pelos ventos do destino careta moldando embalo em artimanha de menino.
A dor passa pela juventude de um viver e tempo passado pela vaidade, liberdade, grude e sentimentos desconfiados.
Passa, querendo voltar ao alicerce de todas as linhas aos bilros de todas as rendas e aos novelos das contendas.
A dor passou pelos currais mourões chibata de couro passou pelo povo de ontem e hoje, passa de novo.
Quanta dor passa calada… Sem suspiro choro ou vela seca sem nem uma lagrima dor minha d’ele ou d’ela.
A minha dor, passou e passa assim como passa a sua passa triste ou com graça com belo sol ou com lua.
Antonio Montes.