Antonio Montes: REBULIÇO DE TEMPO Oh meu espelho……

REBULIÇO DE TEMPO

Oh meu espelho… Não precisava ser tão duro! na sua pureza tão pura! Quando sobressai, da sua tela escura, mostrando-me como sou, fazendo rebuliço de sentimentos em mim, empurrando-me sobre o tempo para assistir o meu fim. Oh meu espelho! todavia tens a mágica de fazer o tempo escorregar pelas lacunas dos sonhos e as vezes, até repugnar-me de mim mesmo! Mostrando-me, de como eu era n’aquela foto amarelada a qual está como rede, pendurada na parede… A mesma foto que as aranhas, telham as suas telhas, e fica assim como se estivessem representando as telhas da minha vida. Falem o que quiserem falar, mas o meu espelho é… O vermelho da sinceridade! Ou quem sabe… O sinistro da obscuridade! Todas as vezes que olho nele, ele mostra-me o que meus olhos não querem ver… As rugas da derme, as verrugas do tempo essa carranca que desbanca o meu alento… Mostra-me que outrora, eu era assim como verde… Tinha ar e tinha sede… Todo dia eu era visitado pela alegria! Hoje tal qual como estou, assim desprovido do amanhã. Com passos curtos pela estrada da vida, eu estou murchando… Murchando como se fosse folha a secar exposta sob o ar. Hoje o tempo que eu almejo, é o mesmo que repugno-me, uma espécie de amor e ódio… É meu espelho, te confesso… Que, o mesmo tempo que eu preciso para seguir adiante, é o tempo que você me esboça acabando comigo, criticando-me triunfante e triturando-me diante da esperança.

Antonio Montes

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