Augusto dos Anjos: À mesa Cedo à sofreguidão do…

À mesa

Cedo à sofreguidão do estômago. É a hora De comer. Coisa hedionda! Corro. E agora, Antegozando a ensangüentada presa, Rodeado pelas moscas repugnantes, Para comer meus próprios semelhantes Eis-me sentado à mesa!

Como porções de carne morta… Ai! Como Os que, como eu, têm carne, com este assomo Que a espécie humana em comer carne tem!… Como! E pois que a Razão me não reprime, Possa a terra vingar-se do meu crime Comendo-me também.

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