HOMENS RAROS (BARTOLOMEU ASSIS SOUZA)
Quantos fincaram uma cruz Nos túmulos dos seus destinos Antes de sentarem à mesa Do banquete das ideologias?
Quantos amargaram o sofrimento Do próprio suor Cheio de dores e revoltas E que choraram pelos poros de seus corpos?
Quantos fizeram de suas vidas De seus ideais e lutas Insanidades transitórias E gestos de grandezas eternas?
Quantos lamberam os próprios corações Sangrantes nas lutas diárias Enfrentando o chumbo e a solidão Para construir um mundo melhor ou pior?
Quantos palmilharam estradas tortas Que ligam a tênue fronteira Entre a morte e a vida Para entender o absurdo da existência?
Quantos choraram seus mortos E depois Guardaram as bandeiras Cessaram as batalhas e ressentimentos E mergulharam no grande mar do perdão?
Quantos caminharam descalços Pelos desertos interiores e exteriores Em busca de tórridas e quentes Verdades filosóficas e religiosas?
Quantos não fraudaram as leis e normas Em rasteiras surdinas e trapaças Em busca do enriquecimento ilícito Esses são homens raros ou bandidos épicos?
Por fim, gritei o mais alto essas questões Para as montanhas, planícies, colinas E mundo afora… E o eco me disse: Só os raros…
ISBN: 978-85-4160-632-5