ECLIPSE
Um dia nos céus reluzindo Iniciou-se um grande combate O sol e a lua competindo Insatisfeitos por um empate E resolveram disputar seus instantes O sol brilhante que irradia Foi logo dizendo o que sabia Como de costume, conhecia bem o dia És brilho frio, luz morta Que não ilumina sequer as noites Sequer as soleiras das portas Pois saiba ò tu, luz fria Que até de Deus fui chamado um dia Mesmo sem tu haveria noite Mas sem mim não haveria dia Não seja presunçosa cara lua Nunca conseguirás apagar meu brilho Muito menos roubar meu calor Eu sou quente, sou vivo, então faça-me o favor E ao contrário de você Nunca deixei que em mim alguém pisasse Já tu, tão frágil que desponta Já sofreste essa grande desonra Não sou morte, sou vida Sem mim não desabrochariam as flores Muito menos comida Sem mim tudo morreria Já tu, que falta farias? Falas da minha solidão Mas e tu que precisas de vigias És tão fraca que precisas De tua estrela-guia Ora, mas que ser mais arrogante Saiba que eu trago o descanço Sou luz pálida que refresca o dia Sou guerreira que vigia Ó sol tão petulante Talvez eu entenda sua agonia Solitário são teus dias Já eu, tenho tantas companhias… Sol, meu velho amigo Não fiques triste comigo Mas sou eu que faço a vigília Enquanto dormes no final do dia Tenho orgulho do meu passado Tu, nimguém quis conhecer Ser tão mortal e inóspito Em mim depositam esperanças Em tu, temem as mortes Pense bem cavaleiro brilhante Se só houvesse tua luz purgante Seria tu a descansar as criaturas? Não temeria as marés? Meu exército e infinito Nascem e morrem todo dia Porventura, melhores amigas Assim como tu, a maior das estrelas Sou amiga e te dou descanço Livro a terra de teu excesso Noutro dia tu me ignoras Fecha a cara e eu recomeço Chega de hipocrisia Competir contra ti é covardia Nessa terra sou rei, sou alegria Tu, é um ser de fases Mudas por rebeldia. Não entendes por que mudo? Sempre tento agradá-lo Deus pensa que é loucura Mas eu poderia amá-lo. Como queiras, ser amargo Deixo o céu a teu julgo Me refugiarei em outro mundo O sol vitorioso Com o tempo ficou desgostoso Viu a terra morrer E a insônia aparecer Já fraco e cansado Quase se apagando Foi pedir ajuda à Lua Pela primeira vez se humilhando Não precisou dizer nada A Lua já o aguardava E o mal entendido foi desfeito Curiosamente; agora,quando a Lua muda de fase Algo bate forte em seu peito Talvez dor, talvez amor, talvez respeito Ás vezes a saudade e tanta Que um ou outro atravessa o manto sagrado E assim acontece o eclipse Seres opostos, lado a lado