Saia do pretérito imperfeito.
Confesso que sinto uma decepção existencial quando escuto frases que começam com:
– Eu ia falar; – Eu ia ligar; – Eu ia começar; – Eu ia…
Mas não disse, não fez, e não começou… Esse tal de pretérito imperfeito é o tempo verbal do nada. Aquele espaço vazio e tristonho entre uma vontade ou ideia e uma ação que não se realizou.
Em geral só é positivo quando a situação imaginada vira uma desgraça danada e você agradece aos céus por ter se livrado de uma enrascada. E aí você conta aliviado:
– Eu ia pegar esse ônibus que foi assaltado… – Eu ia sair na hora do tiroteio…
Assim, o ?eu ia? só ganha valor positivo para sobreviventes, aqueles que podiam ter se machucado, se ferido ou morrido, e foram salvos pelo pretérito imperfeito…
Mas aqueles que buscam um pouco mais de adrenalina do que sobreviver às catástrofes sociais, e querem sobreviver e realizar, sobreviver e trabalhar, sobreviver e amar, é importante mudar a conjugação e trazer o verbo para o presente:
– Eu falo; – Eu faço; – Eu vou, – Eu amo.
E desta forma quando estiver bem velhinho, olhar para trás e contar com orgulho as histórias e aventuras que viveu, usufruindo então do pretérito perfeito:
– eu falei; – Eu fiz; – Eu fui; – Eu amei e ainda amo.
@psibrunobarcellos