Carlos – menino beija-flor: A gente está sempre querendo, mesmo…
A gente está sempre querendo, mesmo crescendo. Depois do colo materno, a chupeta é o primeiro desejo do bebê. Nosso destino eterno é querer. Vira guri, apronta por aí a melhor bicicleta, a bola de futebol, brinca de sol a sol e de noite quando se deita quer que a manhã chegue de novo, para querer tudo de novo. Vira adolescente e coisas estranhas acontecem no coração da gente… primeira calça… primeiro amor… primeiro beijo… primeiros desejos. Os sonhos vão além das pipas, dos piques, embora a felicidade fique brincando de esconde-esconde, mas, não importa aonde, nosso destino é querer. Quanto mais escuro é melhor para ver. Quanto mais “NÃO”, é melhor para fazer. Fica adulto. Novas calças… novos amores… outros beijos e desejos. Mesmo a felicidade brincando de esconde-esconde, a gente vai, não importa aonde. Na ponte da vida desde o cordão umbilical, indo bem ou mal passando pela criancice e adolescência, culminando na velhice, nossa sina é a querência que muda conforme a idade, mas no fim é tudo igual. O que dizer então do poeta que nem sempre sabe fazer a travessia? Ou se sabe, alterna entre as pontas no dia a dia vez em quando adulto, adolescente, vez em quando criança. Afinal de contas, quem sabe querer mais que o poeta se a própria vida é inconstância? Ele apenas brinca com ela e tira proveito dela. Se é para querer, vamos querer com vontade seja qual for nosso tempo, seja qual for nossa idade.