Célia Torquato MagalhãesNina PilarCéu: Em um jardim de trigo vejo os contornos…

Em um jardim de trigo vejo os contornos fotografados dentro dos meus olhos, nos meus jardins dos espelhos narcisos… onde te trago gotas escritas de mim!

Desassossego Meia eternidade pensamos meia razão para eternizarmos a imensa e insana solidão dessa meia vida meio tosca e rubra existência meia lágrima meia sombra meio copo de água meia dúzia de lágrimas meia tigela de sal grosso meio feto meia criança meios adolescentes meio mulher meio homem meio velhos meia velha vida vida velha meia vida velha quase inteira meias dores meias mágoas Meios corações destroçados, Meias dores meio engano meio erro meios grávidos, ávidos mas nunca haverá meia morte os homens morrem inteiros e mesmo assim ainda estávamos longe de ser inteiros

Nina Pilar

Trânsito congestionado e velhas folhas jogadas pelo vendo sobre o ar são os desníveis do ser desconstruído espelho cruel da natureza olho com tristeza para as folhas no ar sem ar folhas das árvores brutalizadas, sangradas resistem às dores desumanas escuto seus gemidos ecoando sobre a noite queria dar-lhes minha canção como um alento abro o livro morada das palavras mais sensíveis e choro pego uma seta aponto a porta dos versos, são pontes abro as portas o caminho dos ventos sobre todos os desejos brutais e humanos façam-se recipientes das escolhas escalas escadas e das sombras saem nós vogal acento grave tomba o corpo bebam as palavras embriaguem-se enlouqueçam livro aberto expande-se esclarece percebo o tangível plano oscilo no vacilo minhas pernas tremem uma pausa ainda não chegou à hora calma velo imagens retorcidas pelo espelho concêntrico do sentir-se livre entre as páginas branca de um livro dedico-te o poema ainda inacabado entre tintas (a)penas o invisível ausente preenchido faço rezas, acendo velas olho duendes, fadas quem sabe eles não atendem aos meus delírios no móvel imóvel escuro madeiras (ébano) de lei real neste quadrado mil candelabros de cristal imagem invertida da colher ao arco um aceno incontido teu breve estado de ainda ser sem estar a casa última morada esta ficando transparente olho em volta só o silencia das vozes sussurradas nos ouvidos curiosos são os martírios e ainda estas aqui amanha não sei… às horas passam e tudo parece tão quieto o livro aberto continua em branco hoje, eu ainda não escrevi

Nina Pilar

A TUA SOMBRA

Tudo que consigo ver são reflexos toscos opacos nublados imagem crua em um espelho de cristal quebrado será que as borboletas sabem como são belas quando deixam seu casulo às nossas cicatrizes conhecem seus caminhos e como são belas cicatrizadas em nos a sua geografia mapeiam os corpos ao sabor das mares marcando para sempre tantas vidas e com elas meus caminhos secretos eternizam-se minhas guias, olheiras fieis minhas quatro estações meu maior talento é segui-las transito no céu entre tantas estrelas de plantão amaciando a voz dos trovões acalmando a fúria dos relâmpagos e encanto-me na maciez plácida tua pela branca entre paredes entre lençóis na cama no horizonte eu vejo e entre nuvens escrevo o teu nome pronuncio como quem degusta mel monossilabicamente O dia entre nós não têm medidas nem distancia à distância é apenas uma linha que nos liga entre dois pontos e nada significam pois, teu sorriso pleno sereno e largo eu o trago comigo beijo a tua face, encontro-me na geografia o teu corpo às minhas mãos o contorno triste, esta no risco do mapa AUSENTE na ausência marcada entre alfinetes meus gestos lentos apenas simulados meus pés já desenharam mais de mil atalhos agora compreendo és o mais terrível e implacável feroz mortal olha lá… estes são nossos eus os nossos atalhos!

Nina Pilar

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