Charles Bukowski: quatro e meia da manhã (Tradução:…

quatro e meia da manhã

(Tradução: Jorge Wanderley)

os barulhos do mundo com passarinhos vermelhos, são quatro e meia da manhã, são sempre

quatro e meia da manhã, e eu escuto meus amigos: os lixeiros e os ladrões e gatos sonhando com minhocas, e minhocas sonhando os ossos do meu amor, e eu não posso dormir e logo vai amanhecer, os trabalhadores vão se levantar e eles vão procurar por mim no estaleiro e dirão: ?ele tá bêbado de novo?, mas eu estarei adormecido, finalmente, no meio das garrafas e da luz do sol, toda a escuridão acabada, os braços abertos como uma cruz, os passarinhos vermelhos voando, voando, rosas se abrindo no fumo e como algo esfaqueado e cicatrizando, como 40 páginas de um romance ruim, um sorriso bem na minha cara de idiota.

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