Ainda muito menina, na infância pobre de interior, quando a comemoração do nascimento do menino Jesus se aproximava… uma alegria incontida tomava conta de mim. Tornava-me a criança mais obediente da face da terra, corria pelo campo à procura de uma pequena árvore ressequida que pudesse servir de árvore de Natal. Uma vez encontrada, dava “tratos à bola” para conseguir fixá-la em um orifício de tijolo, devidamente coberto por um velho papel de presente. Depois ia atrás de pinhas caídas dos cedros, muito comuns nas imediações, e de tudo o mais que pudesse ser pendurado em minha linda árvore de Natal…Era uma festa olhar a minha produção e contar os minutos até que o grande dia chegasse… Mesmo que não houvesse belos presentes, o perfume das bolachas perfumadas de cravo e canela, que mamãe todos os anos fazia; o cheiro da galinha recheada ; a prece antes da refeição (mesmo com olhares tristes que eu não entendia)… Tudo era mágico e especial… Talvez aí esteja a explicação por eu, até hoje, amar tanto o Natal e tudo que se relacione com ele… Nada pode me alegrar mais que tirar, árvore, presépio, guirlandas, lâmpadas, enfeites…. dos armários… e talvez, comprar uma “novidadezinha” de Natal…Essa não é uma história de menina triste mas, a história de alguém que via (e vê) beleza e alegria nas coisas mais singelas que a inocência pode inspirar.