Esperando O trem chegar À beira da ferrovia Ansiosamente Nos trilhos Esperando A morte chegar
Voltei ao meu livro imaginando qualquer outra coisa Não pude imaginar que aquele velho realmente havia morrido bem ali Simplesmente infartou, ao atravessar os trilhos, caiu sobre eles
Assustador, bizarro o barulho da queda um corpo subitamente sem vida..
Muitos foram os curiosos que cercaram o recém falecido, estudando a situação Logo retiraram-no dos trilhos, o deitaram no chão Tentaram ouvir o coração e a respiração O pulso Não pulsava
Ao chegar o trem Ouvi alguém gritar -Foi infarto! Sobrecarregou o coração Pereceu de tanta emoção Ao atravessar a linha Esperaria a chegada do trem Pois neste dia havia Prometido reencontrar alguém Que lhe fazia sentir tão bem
Quem diria
O mundo passa diante da janela, tudo parece ficar para trás Entorpeço-me observando sem parar Trago à tona o livro novamente Pra tentar continuar Escrever meu ver Meu imaginar Minimizar A vida Breve Em Si
Torna-se então desconsertante a ansiedade saltante de que logo chegará o fim da linha, a hora de saltar e seguir adiante em passos precisos acompanhados de preciosos pensamentos passados à pegadas no papel amassado impregnado de palavras borradas escritas tão apressadamente que não serão lidas e sim esquecidas num lamento impresso às pressas num grito de solidão.
Sei que a intensidade da arte pode levar ao infarte Um velho romântico e eterno apaixonado Fez de tamanha devoção seu sentimento Que não pôde conter as lágrimas ao cair Desfalecidos, os olhos do desvivido Desejava ter trazido As flores que imaginara Que a pressa Impediu-o de comprá-las
Foi tamanha beleza sua partida Tão terrível e marcante Pincelada precisa Profunda Na tela Tenaz