DELÍRIO TERMINAL
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Estou a ver meu verbo haver. Ponho a venda e fico à venda. Talvez dormente, porque a dor mente. Trago o fumo; fumo que levo. Não me peça que pregue peça. Então por ora não é hora. E a cerca diz acerca disto. A corda nunca acorda em tempo. Profundo é sempre lá pro fundo. Vá em cana; cana de açúcar. Corrente prende; corrente leva. Faz o bem e faz bem feito. Com raiva, mato; o mato acalma. Leio um livro, me livro e voo. Acento agudo, macio assento. Agora cedo enquanto é cedo. Deixo a cena, que a mão acena. Já não luto; chega de luto. Fiquei partido por ter partido. Tristeza à vista e vista a prazo. Dei adeus pra ver se há Deus.