PREGUIÇA
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Por favor me perdoe pela calma nos meus traços, no brilho do semblante, pela palma da mão que não transpira e a voz que não perde a impostação… Guarde a raiva, prometo que outro dia soltarei o meu bicho mais feroz, minha foz de rancores reprimidos por verdades avessas aos meus sonhos… Mas agora só quero esta ressaca, o silêncio, a soltura do bocejo, meu solfejo, a canção assobiada… Só lhe cabe adiar esse confronto; contornar o rompante que lhe atiça; tenho muita preguiça de odiar…