Relendo um pedaço de vida Escrito qual fosse Endereçado aos Céus Redigido em dourado Uma longa descrição de nada De frase em frase O sentido das coisas muda Depois de alguns pontos finais Na mesma linha, ainda tentava Enquanto a ideia era a mesma O mesmo fôlego, depois da virgula Um aposto Reticências A vida seguindo entre aspas Navegava Dígrafos e interjeições Transmutanto em novas As mesmas sempre velhas sensações Esperanças em letras maiúsculas O parágrafo insistente Uma pausa a cada nova esclamação O sinal que interroga Uma praga que rogam Bem querer descrito Um mal feito O antônimo de tudo Transformando agora em nada O que parecia Tão bonito no princípio Quem leu Pouco soube interpretar Lentamente Sem sentido Eis que surge O último ponto final Se fecha o livro Livre pra prosseguir O verbo é viver sem destino Despedida; substantivo feminino Sem sínteses Nem parêntesis.
Edson Ricardo Paiva