Você, parado Sentado ou de pé Olhando um lugar onde havia Sol Recorda com saudade O brincar de esconder-se debaixo da pia na casa da tia Uma corda, uma árvore As moedas tilintando Era o troco da hora que foi à venda A graça de olhar ao longe A fumaça se esvaindo Saindo da chaminé do trem da vida Na estrada do tempo O alegria da hora da saida Correria no portão da escola na hora da entrada A festa na igreja Veja que naquele tempo Os sinos dobravam E eu, na minha inocência de menino não via e não perguntava por quem Assim são as coisas Eu olhando o lugar que havia Sol Agora sei que era por mim Que os sinos dobravam assim Os adeuses e despedidas Acenos sem lenço que ao longe sumiam Sem saber em qual tempo E nem mesmo a estação Fui vivendo sem noção da vida Penso que dormia E quando a gente desperta Pensa que pode ter se dado ao luxo de nem ao menos espiar pela janela Pra saber que paisagem era aquela Nas cartas que a vida põe Não se encontra curingas O caminho de volta pra casa é descida E olhar pra trás, dá tempo de ver ainda A fumaça que ao longe se dissipa A presença, que de tanto se ausentar Tornou-se ausência As cascas de amendoim espalhadas Lá no chão da saída As figurinhas do álbum Mal coladas, perdidas A festa, a escola, o dia de Sol O menino que brincou de vida E que foi perceber só no fim Que os sinos dobravam por mim.
Edson Ricardo Paiva.