AO CAIR DA TARDE Agora nada mais. Tudo silêncio. Tudo. Esses claros jardins com flores de giesta, Esse parque real, esse palácio em festa, Dormindo à sombra de um silêncio surdo e mudo?
Nem rosas, nem luar, nem damas? Não me iludo, A mocidade aí vem, que ruge e que protesta, Invasora brutal. E a nós que mais nos resta, Senão ceder-lhe a espada e o manto de veludo?
Sim, que nos resta mais? Já não fulge e não arde O sol! E no covil negro desse abandono, Eu sinto o coração tremer como um covarde!
Para que mais viver, folhas tristes de outono? Cerra-me os olhos, pois, Senhor. É muito tarde. São horas de dormir o derradeiro sono.