Dormindo Nunca encontrei a felicidade dormindo; A memória se recusa sempre a morrer, E votei minha alma ao secreto mistério, Para viver e suspirar de esperança e nostalgia.
Nunca encontrei o repouso dormindo; Pois as sombras dos mortos, Que meus olhos acordados nunca saberia distinguir, Assaltam minha cabeceira.
Nunca encontrei a esperança dormindo: No mais intenso da minha noite, eu os vejo chegar, E estender sobre as paredes de profundas trevas O mais epesso véu do seu triste cortejo.
Nunca encontrei a coragem dormindo. Onde eu teria podido arrancar um força nova; Mas o mar em que vago é batido pelas tempestades, E a onda é mais negra.
Nunca encontrei a amizade dormindo, Para acalmar a dor e me ajudar a sofrer; Os olhares da noite são pejados de desprezo E me deixam abandonada ao meu desespero.
Nunca encontrei o desejo dormindo Para atiçar o fogo morto do meu coração. Meu único desejo é atingir o esquecimento E o sono eterno em que mergulha a morte.