Numa tarde de setembro, com os ventos da primavera Soprava o vento para a esquerda e para a direita Quis o acaso unir duas almas tão diversas Talvez pra atrasar o destino, pregando uma brincadeira
Mas, meu Deus, três anos e mais com os pés entrelaçados E eu nunca suspeitei Que os nós dos nossos braços coziam um emaranhado Amargo de vez em vez.
Agora que me recordo, percebo, que criaturas distintas Quando eu falava, você falava… E cada palavra falada se perdia Com a ressonância do rádio da sala.
Um dia de sono pesado e tudo se foi apagado Ninguém amava ninguém Foi só mais um vento soprado Deixando as palavras além
E as folhas secas das árvores Morrer dos braços de alguém Que desenlaça o nó da garganta.