MORTE LEVE, NÃO DOLOROSA
Assim dizia um poeta, este poeta que não era triste nem viva sorrindo à toa o poeta não era de muitos amigos, tampouco de muitos amores.
Contudo, ao atingir a maturidade, quando se viu saciado de dias falou em uma conversa com Deus, Deus esse que ele pouco incomodava com suas necessidades de homem mortal.
Então disse o poeta, sem nenhum traço de melancolia: Eu, de fato posso concluir com bastante satisfação que a vida me foi agradável, até muito mais além daquilo que eu desejava. Usufruiu de quase tudo aquilo que é possível ao homem desfrutar: tive filhos e esposa-amante.
Fui contemplado com o dom maior reservado aos deuses entre os homens, música e construção, poesia e espiritualidade, fui pai e avô, usei com equilíbrio tudo que dá prazer a carne e ao espírito.
Tive tempo e coragem para declarar meu amor a quem de fato o merecia. Fui bom amigo, marido dedicado e leal. Fiz música e poesia para todos, nunca calei diante da injustiça em bora a tenha cometido em algum momento por confusão mental e falta de critério..
Sempre tive coragem moral para defender minhas convicções para pedir perdão e conceder a quem de mim necessitou, creio que agora estou concluso, no verso e na prosa. Então que a morte seja breve, embora leve não possa ser, mas para mim não será dolorosa.
Evan do Carmo 131219