BATALHA ÉPICA (Fábio André Malko)
Eros, louco e obsceno, mais uma vez levanta suas tropas para a batalha. Avalia seus soldados dementes e sedentos pela falta. Cerca, assedia e tenta dominar a todo custo o terreno tantas vezes cobiçado e ainda mais perdido.
Mas lá vem, despontando no horizonte, a Vontade soberana, soberba e garbosa, avaliando o terreno e dispondo suas tropas. Avalia as forças inimigas. Avalia também sua tropa e, num sorriso contido, decide concentrar sua força nos flancos mais frágeis do adversário.
A batalha já está ganha. Porém, como de outras vezes, com tristeza percebe que o adversário está mais forte. Em cada batalha, em cada levante dos loucos, eles vêm mais forte, mais sedentos e mais dispostos. Parece que a falta os alimenta.
Mais uma vez emissários são enviados. A conversa, como em tantas vezes, rejeitada. Não pode haver diálogo entre esses dois inimigos imortais.
O resultado, previsto. Eros enjaulado, babando de vontade, começa a traçar novos planos.