Casa de tijolo Casa de madeira Casa lá no morro Em plena ribanceira
Gente de todo tipo Gente trabalhadeira De sujeito esquisito As várias mães solteiras
Muitos sons, ritmos muitos O silencio nunca impera A ostentação convive junto Com a mais plena miséria
Tem a rapa da esquina Que ganham a vida parados Tem seu Zé que não para Em busca de algum trabalho
Tem menina bonita Que vive fazendo coisa feia Tem criança que não brinca E pega coisa alheia
Falam que lá tem de tudo, Que só não tem dinheiro Embora tenham achado um monte Com um ex-prisioneiro
Hum, fofoca? é o que lá mais tem É a fulana que vai ter filho E não sabe quem é o pai do neném
Lá não tem caloteiro Lá não precisa de SPC Pega emprestado algum dinheiro E não paga pra tu vê
O castigo vem ligeiro A punição é um horror É melhor doer no bolso Do que morrer de tanta dor
Mas lá tem muita coisa boa Gente simples, né Arlindo Gente que vem suportando Gente que vai indo
Gente que não tem nada Mas divide tudo Gente que sofre em silencio Mas que nunca fica mudo
Gente que para e pensa E que não usa razão pra justificar Gente que briga e luta Para paz proliferar
Tem gente inteligente Que vive achando que o governo vai ajudar E gente que como o Renato Morreu por isso esperar
Esse é o retrato Essa é a realidade E sei que esse sofrimento não tira da quebrada a felicidade