Fernando Pessoa: Qualquer coisa de obscuro permanece No…

Qualquer coisa de obscuro permanece No centro do meu ser. Se me conheço, É até onde, por fim mal, tropeço No que de mim em mim de si se esquece.

Aranha absurda que uma teia tece Feita de solidão e de começo Fruste, meu ser anónimo confesso Próprio e em mim mesmo a externa treva desce.

Mas, vinda dos vestígios da distância Ninguém trouxe ao meu pálio por ter gente Sob ele, um rasgo de saudade ou ânsia.

Remiu-se o pecador impenitente À sombra e cisma. Teve a eterna infância, Em que comigo forma um mesmo ente.

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