Eles são dois. Dois corpos, duas bocas. Eles e suas mãos, pés, cabelos, olhos. Eles e seus olhos, é aí que tudo muda. Ela o olha tão sincera. Consegue transmitir um abraço, um afago, um cafuné só por olhar. Mas ele, bem ali na frente dela – justo dela, não significa nada de olhos abertos; e quando os fecha: vê outra. Eles são vários. Ela é quem sente e quem finge não sentir. Ele é quem não sabe quem é e quem finge ser outro alguém um tanto bem melhor. Ela sente tanto e ele sente diferente. Conforme as horas passam, os dias voam e as semanas mudam, tudo é (re)descoberto. Eles são vagos. Não são um para o outro (e ele até pensa que não é pra ninguém). Aonde os dois vão? Porque andando assim ninguém enxerga os tumultos internos, e para o mundo são só dois que se combinam. Ela até se pergunta: Se eles se jogassem no mundo sem mais nada, o que poderiam ser?
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