Florbela Espanca: A voz da Tília Diz-me a tília a…

A voz da Tília

Diz-me a tília a cantar: ?Eu sou sincera, Eu sou isto que vês: o sonho, a graça; Deu ao meu corpo, o vento, quando passa, Este ar escutultural de bayadera?

E de manhã o sol é uma cratera, Uma serpente de oiro que me enlaça? Trago nas mãos as mãos da Primavera? E é para mim que em noites de desgraça

Toca o vento Mozart, triste e solene, E à minha alma vibrante, posta a nu, Diz a chuva sonetos de Verlaine??

E, ao ver-me triste, a tília murmurou; ?Já fui um dia poeta como tu? Ainda hás-de ser tília como eu sou??

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