Mentiras Ai quem me dera uma feliz mentira que fosse uma verdade para mim! J. DANTAS
Tu julgas que eu não sei que tu me mentes Quando o teu doce olhar pousa no meu? Pois julgas que eu não sei o que tu sentes? Qual a imagem que alberga o peito meu?
Ai, se o sei, meu amor! Em bem distingo O bom sonho da feroz realidade… Não palpita d´amor, um coração Que anda vogando em ondas de saudade!
Embora mintas bem, não te acredito; Perpassa nos teus olhos desleais O gelo do teu peito de granito…
Mas finjo-me enganada, meu encanto, Que um engano feliz vale bem mais Que um desengano que nos custa tanto!
Florbela Espanca, in “A Mensageira das Violetas”