Gabriela Galli: Meu Quarto És um quarto cansado Exiges…

Meu Quarto

És um quarto cansado Exiges de mim constante meia luz Acato.

Bem sei que não é capricho Tens vergonha Teu antigo papel de parede está por demais desbotado. Cúmplice, disfarço.

Sobre a cômoda porta retratos e a espessa camada de um pó de lembranças.

Apenas olho Não me atrevo a tocar nos rostos bonitos Exiges que eu não me aproxime Me tomas por desastrada Uma mísera esbarrada de mão, tudo espalhado na tua penumbra. Cúmplice, te preservo.

Tenho pena de ti mais que de mim mesma.

Minha culpa Acostumei-te às minhas paixões As cortinas do dossel sempre abertas Você a espionar infinitamente as noites de amor.

Cúmplice, Forjavas o aconchego Segurou cheiros que devolvia vaidoso com beijos de perfume.

Tocava os corpos sobre a cama Roubava-lhes o calor que alimentou as cores vivas das suas pálidas paredes

Esbanjou às custas das paixões que em ti vivi. Há muito não as trago mais. Cúmplices, padecemos juntos.

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