O Pensador de Rodin
Apoiando na mão rugosa o queixo fino, O Pensador reflete que é carne sem defesa: Carne da cova, nua em face do destino, Carne que odeia a morte e tremeu de beleza.
E tremeu de amor; toda a primavera ardente, E hoje, no outono, afoga-se em verdade e tristeza. O havemos de morrer passa-lhe pela mente Quando no bronze cai a noturna escureza.
E na angústia seus músculos se fendem sofredores. Sua carne sulcada enche-se de terrores, Fende-se, como a folha de outono, ao Senhor forte
Que o reclama nos bronzes. Não há árvores torcida Pelo sol na planície, nem leão de anca ferida, Crispados como este homem que medita na morte