Germana Facundo: OUTRA VERDADE (20/02/1997) Como posso…

OUTRA VERDADE

Como posso respirar sem o ar? O ar se esgota, sufoca-me Não tenho movimentos, Morrem os pensamentos, Há uma defasagem no olhar A boca cala para não se machucar Os ouvidos preferem não ouvir Que a hora da morte está para vir Mesmo assim, eles ouvem E assim caem as lágrimas Que molha páginas, que molha o rosto Que num desgosto Já nem fica exposto Se esconde n’outro horizonte Como num infinito forçado Ele fica parado e desamparado Como se todo o mundo Tivesse acabado em meio segundo Porque ninguém fala Todos mentem e ninguém sente A dor do outro Pois não existe amor Existe uma grande dor Como esta dor de não respirar Por não se ter mais o ar.

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