O poeta
Esculpi palavras no entardecer, Para que o anoitecer seja poético. Duvido que as estrelas não ouçam, O canto solto dos meus versos. Duvido que a alma não sinta, O brilho lírico que eu desperto.
Esculpi olhares distantes, suspiros… Suspiros instantes de amor. Frescor de brisa quente, Em cálida mente, sente. Duvido que a noite escura não brancura. Duvido que d?alma livre não flutua.
Esculpi amor em letras de inverno, Para aquecer as palavras que profiro. Duvido que a chuva não varra, As pálidas gotas vazias de emoção. Duvido que o poeta não tenha, A esperança viva pro coração.
E de tanto esculpir sentimentos, Vejo que ganho leveza ao tocar, Em cada gesto que vem me abraçar, Em cada paixão que se faz revelar. Duvido que o poeta não faça do amor rima. Duvido que a rima não seja do poeta a amar.