Contagem Regressiva
Eu que pensei ter todo tempo do mundo Quanto sonho adiei, vivendo num poço sem fundo
Viagens que não passaram de planos Deixados pra lá no decorrer dos anos
Livros empoeirados na estante Que jurei que leria depois De tão ansioso perdi o instante E pus a carroça na frente dos bois
Quantos dias chuvosos em que eu não dancei Momentos ociosos que eu não aproveitei
E o pôr-do-sol, o maior dos espetáculos Distraído perdi, inventando obstáculos
Conformado em ver filme dublado No Idioma que eu nunca aprendi Pra o teatro estou sempre ocupado No piano jamais insisti
Montanhas de neve nas quais não esquiei Museus repletos de acervos que não visitei
Quantas conversas fiadas entre bons amigos Dar boas gargalhadas, rir até dos perigos
Rios de águas tão cristalinas repletos de peixes de toda cor Perdido estava entre tantas piscinas E dei meu mergulho na própria dor
Sabores que não provei, odores que não inalei Beijos apaixonados que não roubei
Abraços apertados que afrouxei Noites de lua cheia em que não namorei
Noites insones foram preenchidas pela solidão que veio me assombrar Juras de amor que já foram esquecidas E o meu coração sempre a me sabotar
Sinto muito dizer, mas um único dia Não dá para viver o que se pretender Quem sabe este será o primeiro dia Do resto de vida que ainda vou viver
Disposto a gastar até tudo que tenho pra comprar memórias que venham render melhores histórias, o resto eu desdenho sem desperdiçar chances que eu venha ter