Isabel Morais Ribeiro Fonseca: GUARDADOR DE SONHOS Estou cansada de…

GUARDADOR DE SONHOS

Estou cansada de agradar de aceitar de negar Já chorei no deserto para repousar os olhos Lágrimas caídas no arenoso já seco terreno Em novelos de lá deitei os brancos cabelos Abri o corpo nas searas quentes perdidas Adormeci a sombra nos ramos dos chuopos Acordei sacudida de gotículas da leve chuva Molhei a minha alma nos frescos orvalhos Ardi no forno de lenha entre a fornalha de pão Recolhi-me nas asas das pétalas de rosas Quantas vezes quis eu dormir ao relento Nas planícies estreladas abertas as noites frias Para aquecer um grito neste nascer do sol Ler as linhas do teu corpo como se de um mapa Se tratasse num gesto aflito de desejos já lidos no vento Estou cansada não é da idade, e de me perder no tempo Só quero o teu invisível guardador dos meus sonhos.

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