SINO DA MEIA-NOITE
Eu quero impregnar a tua pele Moldá-la como uma artesã Mas sou apenas uma pobre poeta Às vezes triste com tua ausência Outras vezes melancólica como as cotovias Que voam entre sombras e suspiros Gotas de orvalho de sentimentos De abraços nostálgicos em chamas Que consomem o meu sangue Talvez um limbo da vida e da morte Estou farta da minha louca loucura Bússola de uma trepadeira invisível Onde pulas o meu muro quente Para alcançar o santuário dos meus seios E as flores do meu jardim secreto Vento refluxo das ondas da almofada Para escrever um sonho no coração A andorinha procura um ninho nas ondas Da tua boca no beijar do teu silêncio em sal Janela da nossa cama, vejo a lua, o vento chegar Carícias de mel, como se de uma fragrância se tratasse Beijo da nossa cumplicidade no tocar do sino a meia-noite.