Amar? É o desespero De um coração carente À procura da outra metade Que o complete?
Somos incapazes De nos completar Precisamos sempre de um outro De qualquer outro Que procuramos em nós?
Essa terrível e eterna Dependência do outro Que não conseguimos Encontrar em nós?
Que desgraça A do coração humano Sempre em falta Irremediavelmente só E despedaçado
Lamenta, Lamenta-se Exclama E proclama?
Não sabe estar só Dialogar consigo?
Encontra No seu âmago O vazio Do seu próprio preenchimento?
Amar? É coisa dos homens Seres solitários Incapazes de percepcionar A solidão como outra forma de amor
E isso não basta, A estas criaturas errantes?
Não Não basta? Nada basta?
Há sempre um mais Um depois Que aflora Em todos os pensamentos Nos mais claros Nos mais recônditos Nos mais inconscientes?