Isabel Rosete: Amo Não sei bem o que amo Tenho medo de…
Amo Não sei bem o que amo
Tenho medo de voltar a amar De voltar a sofrer De voltar a sonhar
As ilusões crescem Quando se ama
Emerge a dor A insatisfação A insanidade e a insensatez
A cólera aflora A presença ausente de um outro estado Sempre inacabado Sempre adiado
Caminhos que não conduzem A parte alguma Espreitam-nos no amor
Nos caminhos Que se bifurcam Perdemo-nos De nós E do outro
Encontramos o desfiladeiro Assoma o vazio De uma alma deserta Dispersa Em ?con-fusão?
Alienada pela adrenalina Que sobe Escorrega Desampara Inquieta?
O êxtase da alma É intolerável Em qualquer paixão
As mãos tremem Transpiram
O coração Consome-se Num ritmo Acelerado Incontrolável Incontornável
O estômago Já não se contém Com tanta ansiedade
Calafrios Pela coluna Sobem e descem
Tudo se move Tudo se transforma A um ritmo Desenfreado E imparável
Assim é o amor Força Que move e comove Despista Rói Corrói
Cego e surdo Táctil e visual Transporta-nos Para a realidade Do possível Para o possível Do impossível Para o imaginável Do inimaginável, Para o sonho Do ?in-sonhável?
Para as correntes tumultuosas De um mar sem fim Para o infinito Do próprio finito Para a alucinação Da sensatez
Para a irrazoabilidade Do razoável Para o ilimitado De todos os limites Conscientes Ou inconscientes
Assim é o Amor Uma força tremenda Gigantesca Arrebatadora Desmedida Enorme
Dentro de um tempo redondo De um eterno retorno Do mesmo e do outro Com princípio e fim
Isabel Rosete
15/01/08