VISÃO DE ISABEL VIEIRA (II) O sol doía, estalando mamonas, e o asfalto parecia derreter. Com a alta temperatura e a pouca umidade do ar; o fogo se propagava com muita facilidade, e havia focos de incêndios na vegetação em vários trechos margeando as estradas. A fumaça reduzia bastante a visibilidade e todo cuidado era pouco: pois os acidentes aconteciam com certa freqüência num piscar de olhos, principalmente onde havia o fenômeno do fogo ? provocado ou natural. Presenciamos uma carreta tombada com as rodas para cima, num trecho totalmente plano. “Meu garoto havia feito uma coisa que motorista nenhum deveria fazer: alimentar-se bastante, com uma comida pesada e em seguida pegar a estrada. Não deu outra: logo depois da nossa refeição em restaurante de beira de estrada já estávamos na BR, Belém Brasília sentido São Luiz; e mais à frente um pouco, comecei a observar o Nemilson a dar seus primeiros cochilos no volante. Pelo retrovisor interno foi que percebi aquela situação acontecendo, e sabe-se lá há quanto tempo; provavelmente deixaste alguns quilômetros para trás, dirigindo daquela maneira. Não fiz alarde. Discreta, silenciosa, obstinada… orava em espírito. E a partir de então não tirei mais os olhos dele e nem lhe dei sossego; o sacudia pelo ombro, sempre que percebia seu cochilar. Bom seria se agente pudesse estar sempre perto dos filhos… Em dado momento entre um cochilo e outro, do meu menino, o Senhor me deu licença e abriu os meus olhos espirituais por alguns instantes e me permitira ver um ente semelhantemente a uma mulher muito parecida com uma personagem de filme de terror: Bastante alta, de pernas longas, com cabelos emaranhados como se fosse um ninho de João – graveto; faces murchas manchadas de vermelho de um lado e outro; olhos grandes como nunca vi. Empastelados com algo semelhante ao Rímel, querendo saltar das órbitas; vestida de trapos e andrajos imundos – pastosos de fumaça, tremulando no ar; horrivelmente pintada como um espantalho, a correr emparelhada conosco, empreendendo a mesma velocidade do nosso veículo – um fusca ano 1978. Eu, pasmada, não sabia se olhava para aquilo ou se despertava o Nemilson que dormia dirigindo. Também não deveria gritar para não causar pânico. Será que aquela personagem era uma coisa mandada?!…Do outro mundo? Pensei.Pois era sim: e unicamente com o objetivo de causar um dano às nossas vidas. Minhas pernas tremiam e meu coração batia fora do compasso, e pensava de mim para mim mesmo: – ?Meu Deus o que poderá ser isso?!? E a resposta veio no mesmo instante: – ?Esta aí é a grande responsável direta, pelos acidentes automobilísticos que ocorrem nas estradas do mundo inteiro: trabalha sem cessar com esse fim. É especialista nisso.? Disse-me, o Espírito Santo. Parece que aquele ser esquisito confirmado na maldade,naquela missão, tendo como foco a minha família, percebeu alguma coisa estranha no ar: provavelmente lembrara que eu servia ao Senhor e que, orava o tempo todo em espírito; e desistiu do seu intento, escapando por um buraco que havia numa cerca de arame farpado que margeava o asfalto, e sumiu definitivamente tomando um rumo qualquer, para onde eu não soube” ( 29.05.17).