Olhar de menino
O ônibus prossegue pela rodovia. O sol castiga a terra. O sol e com o que vem junto: a sede. Sorriso alargado, o menino se sente em uma aventura, um adulto! A mãe contava moedas como se contasse pérolas. E durante uma parada foi surpreendida pela pergunta:
– Mãe, me dá um sorvete? Parecia incondicional… mas ela foi tolerante, e o menino sentiu um refrigério, um manancial em seu interior árido.
O menino era tão simples e inocente que não enxergava as dificuldades vividas por ele e sua mãe. Talvez seja melhor assim. Enxergava a vida com um olhar traquina. O filho olha para futuro a mãe olha para o presente.
– Mãe, cadê o seu sorvete? Com um semblante sereno ela respondeu: – Assim que puder eu compro, meu filho. Porém o vendedor lhe disse: – Não minha senhora. Eu faço questão de oferecer por conta da casa.
Caindo em si, o rapaz entendeu que moedas não compram momentos felizes.