ABSTRATO
Corri para me perder, me perdi para encontrar tudo o que desejava. Andei só por andar, por entre pessoas que pensam ainda estarem vivas. Sucumbi ao bem para me tornar mal de corpo, alma e coração; Sofri para sorrir e acabar deitado no chão. Despi-me de tudo para que assim o nada pudesse me completar. Fiz de mim mesmo morada da tristeza e do caos, para desta forma ser mais um imortal Que morre com facilidade; Triste do homem que conhece a verdade. Os templos vagam pelas ruas de terra onde as pedras ficam sempre nos sapatos. Sou bipolar e não nego, faço do céu inferno e na água não navego; Prefiro os versos, estes sim são sinceros e acima de tudo, eternos. Do homem ou da mulher nada espero, do matrimônio sou réu e quem sabe até refém. Os animais falam as línguas incomunicáveis de fato, os saltos tampouco são altos; Mas a saúde dos seres vivos é escassa como as latas da dignidade. Os papos estão sempre cheios, mesmo que de arrogância e ignorância; As lanchas andam nas ruas e os ônibus nas lagoas. As pessoas vão quase sempre sobre rodas, pouca gente se incomoda com a moda Mesmo quando ela é retrógrada.