J.W.Papa: Acordo entre cavalheiros Decidiu-se,…

Acordo entre cavalheiros

Decidiu-se, arbitrariamente, naquele dia: – Que a palavra não seria mais censurada de modo algum, nem por um decreto lei.

– Que os olhos não se fechariam nem mesmo se a cabeça abaixasse ou fosse forçada a abaixar-se pontilhada por uma espada de gume afiado.

– Que as mãos só se estenderiam ao aperto, se esses, sinceros fossem, inevitavelmente! Sob pena de se negarem mutuamente ao afeto contido no entrelace das mãos caso não os fossem.

– De forma alguma haveria perdão, pois, não há o que se perdoar quando não existe o pecado.

– E mesmo quando o outro por ventura parecesse distante, ainda assim, haveriam predicados para homenageá-lo.

– E mesmo se o outro se fizesse distante, por vontade própria ou por decisão alheia à sua vontade haveria que se, habilmente, apreender-lhe os motivos de sua ausência acolhendo-lhe sem questionamentos, disponibilizando-lhe de forma imediata pão fresco para saciar-lhe a sua própria fome e a de seu exército, água boa para cessar-lhe a cede e a de seus compatriotas e leito confortável para quedar-se em descanso.

– Decidiu-se racionalmente que não se dividiriam mulheres durante as transas, a menos que fosse vontade delas, e se assim quisessem, seria feito. Decidiu-se também, que as mulheres seriam tratadas feito rainhas e a elas seriam dadas todas as condições de igualdade nas decisões permitindo-lhes a liberdade necessária para escolhê-los, e não o contrário, cabendo a eles apenas aguardar serem escolhidos e honrados com tal graça.

Por fim, decidiu-se, que devido a tal acordo celebrado entre cavalheiros findava-se ali, a guerra, travada antes e até o presente momento, pela incompreensão e bestialidade masculina em seus momentos mais idiotizados de afirmação de suas masculinidades tardias pautadas em um machismo socialmente contraído e totalmente retrógrado.

– Decidiu-se em comum acordo entre cavalheiros e celebrar-se-á em pacto de honra com a cessão de um fio do bigode de cada celebrante e um risco de sangue na lâmina da verdade, que todos os acordos por hora celebrados serão mantidos, fazendo-se cumprir tal decisão sem meios termos, sem meias verdades e de maneira irrevogável.

Publique-se, divulgue-se, cumpra-se.

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